30/07/2007

Apenas leiam. Já está de bom tamanho.

Algumas pessoas elogiaram as nulidades que aqui tenho escrito. Não precisava. Sei que sou foda. A rainha suprema dos ataques verborrágicos que nada dizem ou acrescentam.

25/07/2007

Mais uma manhã na residência do proletariado brasileiro

Dia de semana, já passava das 22h. A novela acabara, hora de dormir. Mas o sono não veio. Solução óbvia: canal 51, Discovery Channel. Adormeci na hora. Um viva para as ligações clandestinas! Um viva para os colaboradores da Net que colaboraram comigo mediante pagamento em espécie!
Pela manhã, um sonho com a saudosa Chiquinha, único ser neste planeta que valia alguma coisa, foi bruscamente interrompido, bem no momento em que ela brincava alegremente com sua bolinha verde. Fazer o quê? Acordada sem piedade pelo estridente som do despertador e sem outra alternativa, iniciei minha rotina.
Levantei, verifiquei se era a única em pé e corri para ser a primeira a usar o banheiro. Consegui! “Já liguei o chuveiro!” Ah, negadinha, agora espera.
Fato. A cada dia, esse ritual começa mais cedo. A disputa pela pole position com os demais habitantes de minha residência, vulgarmente chamados de família, é acirrada e nada justa. Chegará o dia em que ninguém dormirá. Ficaremos todos à espreita para flagrar quem fará o primeiro movimento rumo ao cômodo destinado à higiene pessoal.
Casa de podre é assim: se ligar ferro e máquina de lavar, a energia cai; se ligar os dois chuveiros, então, a caixa de luz estoura. Cheiro de queimado em todas as tomadas. Dívida eterna com o eletricista.
Mas hoje o dia foi meu. Triunfante, com o andar petulante dos vitoriosos, cheguei à cozinha para preparar meu néctar dos deuses, meu delicioso achocolatado gelado. Copo, colher, Nescau (não ganhei um puto por isso), açúcar e leite. Leite. Quem foi o lazarento que deixou só um restinho na caixa? Por que não tomou tudo ou jogou fora? Eu ODEIO abrir leite. Merda. Essa eu perdi.

24/07/2007

Rapidinha

No mercado. Passeio interessante. Variedade colorida de produtos. Exceto o corredor do arroz. Deprimente. Gôndolas de farináceos. Commodities sem atrativo nenhum.

23/07/2007

A oportunidade de calar-se sempre passa despercebida

Às vezes penso viver em uma fazenda de ostras, dessas que a gente vê no Globo Repórter em matérias sobre desenvolvimento sustentável. Por que? Simples. A quantidade de pérolas que ouço diariamente é impressionante.
Agora, só pode ser época de colheita. Podem me chamar de sádica, mas as asneiras proferidas desde a queda do avião que já estava no chão não me dão espaço para nenhum sentimento de consternação.
A começar pelas vítimas. O quanto elas sofreram antes de morrer, o quê terá acontecido no momento da passagem. Ah... Elas mudaram de plano. Sei. Eu também. Mês passado. E foi realmente traumático. Quando abri o boleto do convênio médico, qual não foi minha surpresa ao perceber um acréscimo de 20% no valor porque mudei de faixa etária. Canalhas.
Agora as teorias sobre a causa da tragédia. Elas são quase tão impressionantes quanto a própria tragédia. A melhor delas ouvi na minha própria casa. E saiu da boca da mulher que me pariu. Dada sua experiência em pousos e decolagens, ela tem certeza e foi enfática ao afirmar que o treco (sic) não funcionou direito. Só pode ter sido isso. Imaginem a cena. O perito responsável, após meses de investigações exaustivas, em entrevista coletiva, no dia da leitura do relatório oficial: “Após inquérito, abertura das caixas pretas, análise dos fragmentos, estudo da trajetória, testes e simulações em supercomputadores, determinamos, sem sombra de dúvida, que a aeronave da TAM acidentou-se devido a uma falha mecânica no treco”. Calmamente, ele agradece a todos pela atenção e se retira da sala.

Fantástico.

Para elucidar a razão pela qual voltei a atualizar essa merda

Sempre tem alguém com tempo para perder.

Para elucidar a razão pela qual deixei de atualizar essa joça

Por que alguém perderia seu precioso tempo para ler despautérios alheios?

10/07/2007

Trivialidades de uma manhã de terça-feira

Viver em sociedade é um exercício diário de tolerância. As normas básicas de boa convivência estão aí para nos dar parâmetros adequados de comportamento. Dar um discreto aceno ao vizinho pela manhã, agradecer o chapeiro pelo pão com manteiga com gosto de hambúrguer, perguntar – mas sem entrar em detalhes – se os filhos da funcionária do lar estão bem, chamar empregada de funcionária do lar. Pequenas atitudes que nos tornam seres humanos melhores. É disso que se trata.
Entretanto, tem coisa que não dá. Até onde sei, não estamos no Oriente Médio, não há por aqui qualquer Guerra Santa e gênios da lâmpada não existem. Uma senhora, contudo, parece desconhecer esses fatos.
Hoje pela manhã, qual não foi minha surpresa quando me deparei com esse ser de andar desengonçado, alvo de olhares dos demais passantes da rua. Uma mulher no auge de seus 60 e poucos anos, trajada com um fresco conjunto de viscose, rico em estampas florais. Nos pés inchados, um sapatinho baixo de tecido preto, modelo “moleca”, conhecido por sua lisa sola, que proporciona tombos e bacias quebradas a suas usuárias da terceira idade. Em uma das mãos, uma bolsinha à tira colo, carregada e protegida próxima aos fartos seios, como se entre a carteirinha do convênio médico e o lenço de pano bordado estivesse a combinação do cofre do Banco Central do Brasil.
Nada disso chamaria minha atenção não fosse pelo que vi em sua cabeça. Um turbante. Juro por Alá. Um turbante branco com uma “esmeralda” cravada ao centro da parte frontal. Só faltou a pluma. Por um instante, pensei em fazer três pedidos. Fiquei sem reação, procurei entender como ela pôde sair da privacidade seu lar com essa bizarra alegoria.
Não façam isso comigo, eu peço. Pior do que estar ridículo, é sentir-se ridículo por outrem.

05/07/2007

Questionamentos filosóficos sem perspectiva de serem respondidos I

Os seres humanos diferenciam-se dos demais animais porque têm consciência. E, pior do que a consciência da vida, é a da morte. Conflitos internos, hesitações, dissonância cognitiva. É só o que temos. É para isso que habitamos este planeta.
Mal sabemos de onde viemos, não fazemos idéia para onde vamos, sabe Deus se Ele existe. Contudo, há uma dúvida, a maior de todas, aquela que perturba as noites de não-sono: o Cartão Mais do Pão de Açúcar serve para alguma coisa?
Até que sou uma pessoa dotada de um nível razoável de perspicácia e inteligência, mas juro que não entendo. Gostaria de saber quais são as incríveis vantagens que os proprietários desse magnífico acessório de carteira possuem. Não pode ser apenas para esticar carreira. Isso qualquer um faz, até o telefônico.
O que me intriga também é a exclusividade do Cartão Mais. A exemplo dos medidores do Ibope ou dos prêmios acumulados da Mega Sena, até sabemos que existem, mas não conhecemos ninguém que tenha ou ganhou.
Veja bem, acompanhe meu raciocínio. As mocinhas do caixa não perguntam se você gostaria de estar fazendo (sic) um Cartão Mais. Perguntam se você o possui. Estranho, muito estranho. Serão dignos de portar tão precioso bem apenas membros de alguma organização secreta e misteriosa? Uma vez clientes fidelizados, seremos pessoas mais felizes e completas?

Eu não sei. Você sabe?

03/07/2007

Transporte Coletivo, a utopia de um lugar melhor III

Flagelados que poderiam estar matando ou roubando, mas preferem distribuir fotocópias nojentas com a síntese de todo o seu drama de vida.
Por favor. Se é pra ter dó de alguém, que seja de mim mesma. Uma sugestão: pensem melhor na possibilidade de matar ou roubar.

Constatação ululante*

Ninguém lê. Pessoas gostam de figuras.

* http://houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=ululante&stype=k

02/07/2007

Lista dos motivos pelos quais estou cagando para o Pan-americano

1. É no Rio de Janeiro

Quando era apenas uma menininha remelenta

Lembro-me do Instituto Nossa Senhora Auxiliadora, no coração do Belém, em plena avenida Celso Garcia. Formação católica para a classe média remediada da Zona Leste. Aulas de canto, religião, geometria, educação física separada para meninos e meninas, queimada nos 15 minutos de recreio.
Quantas recordações. A professora de ciências que não acreditava na existência dos dinossauros ou que o homem pisara na Lua. A inspetora que trancava os alunos que ousavam utilizar o elevador. A freira que possuía uma espécie de aversão ao uso de lapiseira (!).

Guimarães Rosa estava certo. Quando penso na infância, vejo que houve por lá um sem número de adultos.