23/07/2007

A oportunidade de calar-se sempre passa despercebida

Às vezes penso viver em uma fazenda de ostras, dessas que a gente vê no Globo Repórter em matérias sobre desenvolvimento sustentável. Por que? Simples. A quantidade de pérolas que ouço diariamente é impressionante.
Agora, só pode ser época de colheita. Podem me chamar de sádica, mas as asneiras proferidas desde a queda do avião que já estava no chão não me dão espaço para nenhum sentimento de consternação.
A começar pelas vítimas. O quanto elas sofreram antes de morrer, o quê terá acontecido no momento da passagem. Ah... Elas mudaram de plano. Sei. Eu também. Mês passado. E foi realmente traumático. Quando abri o boleto do convênio médico, qual não foi minha surpresa ao perceber um acréscimo de 20% no valor porque mudei de faixa etária. Canalhas.
Agora as teorias sobre a causa da tragédia. Elas são quase tão impressionantes quanto a própria tragédia. A melhor delas ouvi na minha própria casa. E saiu da boca da mulher que me pariu. Dada sua experiência em pousos e decolagens, ela tem certeza e foi enfática ao afirmar que o treco (sic) não funcionou direito. Só pode ter sido isso. Imaginem a cena. O perito responsável, após meses de investigações exaustivas, em entrevista coletiva, no dia da leitura do relatório oficial: “Após inquérito, abertura das caixas pretas, análise dos fragmentos, estudo da trajetória, testes e simulações em supercomputadores, determinamos, sem sombra de dúvida, que a aeronave da TAM acidentou-se devido a uma falha mecânica no treco”. Calmamente, ele agradece a todos pela atenção e se retira da sala.

Fantástico.

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