18/06/2013

17/06. Sem título.


Muita gente. Muita gente mesmo. Povo unido sem face, mas com Facebook.

Uma tomada de ruas legítima, inquestionável, justa. Embora não pareça, elas são nossas. O que é público é nosso!

Testemunhei:

_Gente animada porque chegou sem trânsito e sem trabalho para estacionar o carro.

_Turmas pensando na volta para casa. “Onde tem metrô aqui perto?”

_Meninas abraçadas em bandeiras do Brasil fabricadas na China (não fosse a Copa das Confederações, não teríamos tantas à disposição!).

_Reclamações generalizadas porque ninguém sabia a segunda parte do hino brasileiro.

_Jornalista, ao vivo, entoando em rede nacional um “não quero ser preconceituosa, mas pelo corte de cabelo eles devem ser punks”.

_Cartazes com todo tipo de conteúdo e hashtag.

_Pedidos de exclusão de manifestações partidárias.

_Pedidos para a população tomar partido.

_Dúvidas sobre o caminho a seguir: marginal ou Faria Lima?

_Pelos cantos, como ratos, nas tocas e esquinas da Espraiada, as pessoas que ainda fingimos não existir.

_A adoção de um jingle publicitário como grito oficial do protesto.

_O vinagre escolhido como principal aliado, independente de seu efeito nulo contra o gás lacrimogênio.

_Felicidade geral por estar fazendo história.

Enxerguei:

_O retrato de uma geração que nasceu após as conquistas de seus pais – políticas ou cotidianas  –, que não sabe em quem acreditar, que não sabe pra onde ir e que luta pra saber o que quer. Com vontade mudar tudo, embora não façam ideia o que isso significa.

Como fiquei:

_Em silêncio.

_Desconfiada, diante de um “#mudabrasil” e um “#vemprarua” vindos do carro de uma pessoa que desprezo como cidadã. O que esse ser, que até ontem achava absurdo qualquer projeto de corredor de ônibus, pensa estar falando? E quem sou eu para julgá-la?

_Cautelosa, porque não se trata do bem x mau, do Corinthians x Palmeiras. Não sou cega, não sou idiota. Trata-se de descobrir: qual a minha parcela de responsabilidade e o que eu posso fazer?

_Confusa. Não se diz um movimento democrático? “Negar a participação de determinados grupos em manifestações abertas não tem outro nome senão autoritarismo. Negar a existência de partidos em nome da 'nação' e da 'pátria' não tem outro nome senão fascismo.” (Plínio - Pragmatismo Político)

E agora?

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Epílogo:

_Preparem-se. Os virgens das ruas ainda não sabem, mas efeitos colaterais fazem parte, concordemos com eles ou não.