28/09/2008

Unibanco: ag. 1005, c/c 138046-6

Segundo a ONU, há uma semana vivo abaixo da linha da miséria. Em outras palavras, significa que tenho menos de um dólar por dia para dar conta de minhas necessidades básicas.

Cristo, quando o mês vai acabar? Preciso de um salário mais longo.

24/09/2008

Chapinha Experience

Experimente ficar sentado por quatro horas. Salão de beleza de bairro. Pescoço envolto em uma toalha, cabelos molhados, recém lavados. Secador, escova grossa, escova fina, pente, prancha, ventilador, uma mulher de braços fortes. Equipamentos na tomada, começa a sessão de tortura.

Secar, o primeiro trauma. Quem possui cabelos crespos sabe bem o que acontece. Imagine uma cabeleira ressecada e armada. Imagine, agora, uma cabeleira muito ressecada e muito armada. É mais ou menos isso: cabelos ridículos sob os olhares curiosos de senhoras varizentas desocupadas.

Fase dois. Hora de espalhar a meleca químico-cancerígena que promete alisar minhas madeixas. É um produto incolor, viscoso, quase sem cheiro. Aplicado cuidadosamente, assentou a juba.

Secador em ação, eis a mágica! Puxa, puxa, estica, puxa mais. Quente, muito quente. Orelha ferve, couro cabeludo cozinha. Os olhos ardem, lacrimejam sem parar. Agora entendi o motivo de um ventilador ligado bem na minha cara. A evaporação da substância química provoca essas reações oculares.

Depois do quase derretimento dos miolos e das lágrimas, é hora da prancha, ou chapinha, como é vulgarmente chamada. Para garantir a ação da meleca radioativa, apenas o secador não basta. A chapinha alisa cada mechinha do cabelo. Um lento e exaustivo processo.

Quase pronto. A juba até que está lambida, mas a eletricidade estática resultante de tanto atrito faz com que centenas de fios fiquem arrepiados, algo semelhante a um susto nos filmes de terror. Para assentar os cabelinhos rebeldes, mais uma rodada de chapinha, agora um modelo ultra-ionizador, que promete eliminar a eletrostática.

Ufa. Fim das atividades. Hora de prestar atenção nos cuidados pós-escova progressiva, verdadeiro momento de terror psicológico.

Agora, para o efeito do alisamento se completar, só me resta ficar três dias sem tocar no cabelo, sem molhar o cabelo, sem prender o cabelo, sem mover o cabelo, sem pensar no cabelo.

Deus, quanto sofrimento. Some-se a tudo isso alargadores de 6 mm recém colocados e mãos descuidadas.

Resultado final: cabelos lisíssmos. E orelhas inflamadas.

Onde foram parar as malditas notas de 10?

Existem problemas importantes e urgentes para eu me preocupar, como o aquecimento global e o colapso no sistema financeito norte-americano. Entretanto, pequenos eventos do dia a dia acabam interferindo de maneira mais objetiva o curso da minha vida.
Há alguns dias, estava eu em um passeio socrático* pelos corredores de um shopping center de São Paulo. Fiquei por lá uma boa hora e meia. Juntei uns trocados e tomei um cafezinho, perfeito para acalmar o frio que sentia e aliviar o peso de pelo menos uma tonelada de moedas.
Minutos mais tarde, decidi que era o momento de retornar ao aconchedo de meu lar. Bilhete único sem crédito, carteira recém esvaziada, momento de apelar para o caixa eletrônico. O saldo da conta não era muito animador, algo em torno de R$ 17,00. O.K., paciência, gastei demais, torrei a grana, já era, perdeu playboy. Mas pro busão até o Pari, dava.
O tormento começou no momento em que introduzi e retirei o cartão. É impressionante o quão desconfiadas essas máquinas são. Depois de responder um quiz a respeito de mim mesma (mês do aniversário, senha numérica, ano do nascimento, os dois primeiros números do CPF multiplicado por 5 e dividido por três, signo zodiacal, ascendente...), finalmente chegou o momento de receber minha recompensa, um saque de R$ 10,00. “Notas disponíveis: 20 e 50”, foi esse o aviso que li no monitor daquela máquina sádica.
Mais três tentativas, quatro caixas eletrônicos e o mesmo maldito problema: 20 e 50.

Voltei a pé. Merda. ODEIO andar.

*Sócrates, filósofo grego que viveu entre os anos 470 e 399 a.C, costumava caminhar pelas ruas de Atenas e observar a quantidade de bens materiais de que não necessitava para viver.

22/09/2008

Sua alteza, o Zé Ninguém

É assaz assustador como algumas pessoas superestimam a sua importância para o mundo. Crêem cegamente que sua existência é indispensável para o curso adequado da história, para a oscilação da taxa de câmbio, para o movimento de rotação da Terra. Elas existem aos montes. São seres que sofrem de uma patologia denominada síndrome da pequena autoridade. Anotem: sín-dro-me da pe-que-na au-to-ri-da-de. Falo daquelas pessoas que ocupam cargos de baixo nível hierárquico, mas fazem deles o seu reinado e lá autoproclamam-se soberanas. Não ouse contrariá-las, jamais discuta com elas. É a mais completa perda de tempo.

Cito três exemplos (caso me ocorram outros, prometo compartilhar com os senhores em outra ocasião):

- Bibliotecárias
Guardiãs de todo o conhecimento da humanidade. Senhorinhas de óculos na ponta do nariz. Mulheres mal-amadas que possuem um ar de superioridade tão intragável quanto o cheiro de mofo dos livros dos quais não sabem nada além dos títulos.

- Seguranças
Têm certeza que a força bruta pode sobrepujar-se à sua falta de inteligência. Homens assim possuem apenas uma coisa ainda menor do que o cérebro. E é isso mesmo que vocês estão imaginando.

- Bilheteiros
A proteção de grades ou vidros blindados fazem dessas pessoas um tipo especial de humano desprezível. Têm prazer em deixar bem claro que a entrada do público em eventos culturais e esportivos depende única e exclusivamente da boa vontade deles.

Morram todos!

18/09/2008

Sabedoria para poucos

Algum filho da puta , cuja inteligência invejo e identidade não recordo, disse certa vez que “advérbios são a manifestação de uma mente fraca”. Não poderia haver axioma mais correto. Entretanto, como é difícil deixar de utilizá-los.

Minha sorte: ninguém sabe o que são advérbios.

17/09/2008

Pára, Olimpíadas!

Dirceu Pinto e Eliseu Santos fizeram história
com a bocha nacional nos Jogos Paraolímpicos


Desculpem a franqueza. E por isso vou direto ao ponto. Existe neste maldito planeta algum evento mais deprimente do que as Paraolimpíadas? É triste, mas se juntar todo mundo, não dá um inteiro. E, pior do que isso, é constatar que o desempenho da delegação brasileira nas Olimpíadas conseguiu ser mais capenga do que qualquer time de mancos que estiveram nas Paraolimpíadas.

Ouro para a desgraça humana!

Vote for me! (re-post)

O pleito para escolha de nossos representantes em nível municipal me fez refletir sobre alguns temas. Sobretudo, os eleitoreiros, por motivos óbvios. Eis aqui uma ótima oportunidade de postar novamente minhas teorias sobre o transporte coletivo em São Paulo.

Existe maneira menos trabalhosa de reativar o Vila Auricchio?
Por que negar? Sou brilhante.

Transporte Coletivo, a utopia de um lugar melhor (revisto e ampliado)

A sociedade moderna e capitalista obriga-nos a passar por incontáveis situações desagradáveis. Trabalhar é uma delas. Ir ao trabalho de ônibus é outra.Não sou de me queixar, nem nada. A experiência de longa data a bordo do transporte público paulistano ensinou-me uma série de estratagemas para tornar mais toleráveis as horas que passo em coletivos.Esperar quantos ônibus forem necessários, até passar um com lugar vago. Evitar sentar-me em assentos preferenciais. Estar com a bateria do iPod sempre carregada. E, um dos mais importantes, manter-me alheia a acontecimentos exteriores.Entretanto, mesmo com todo esse ardil, a viagem do Parque Dom Pedro à avenida Santo Amaro nem sempre é um agradável passeio.As condições precárias que enfrento diariamente tornaram-me um ser amargo, mas esperançoso. Acredito, de coração, que o transporte público pode ser um lugar melhor para todos.

Algumas questões a serem solucionadas:

- Humanos de idade avançada
Idosos de maneira geral não têm a menor necessidade de utilizar os coletivos nos denominados “horários de pico”, ou seja, bem na hora que você precisa. Eles não pegam fila, eles resmungam, eles sentam onde querem, eles não têm habilidade para subir ou descer degraus, eles deveriam estar mortos ou jogando bingo.

- Desfavorecidos socialmente
Flagelados que poderiam estar matando ou roubando, mas preferem distribuir fotocópias nojentas com a síntese de todo o seu drama de vida. Por favor. Se é pra ter dó de alguém, que seja de mim mesma. Uma sugestão: pensem melhor na possibilidade de matar ou roubar.

- Donas-de-casa e seus barrigudinhos (NEW!)
Deus, como fazem barulho! Tudo começa com a arrancada do motorista, quando a família inteira quase dá de cara no pára-brisa. Observá-los em seu contorcionismo para burlar o pagamento da passagem, então, é um espetáculo à parte. E a escolha dos assentos? Quanta algazarra! Não tenho a menor dúvida: prefiro um camarote no inferno.

- Solitários, suicidas ou chatos mesmo (NEW!)
Não tenho assunto algum para tratar com ninguém. Se me perguntam as horas, eu respondo. Se me pedem informação, forneço. E só. Não te conheço. Não venha falar comigo. Não o ouço. O quê? Hã? Meu iPod está no volume máximo.

- Desorientados (NEW!)
Eu os odiaria mais se não os achasse uns coitados. São Paulo é grande, eu entendo. Contudo, dar sinal para o ônibus e colocar-se a berrar da calçada com o motorista ou entrar no veículo e desesperar-se ao perceber que se optou pelo coletivo errado está acima da minha capacidade de compreensão e paciência com o próximo. Aliás, tente o próximo busão. Quem sabe você não tem mais sorte? Antes que me esqueça: é muito produtivo munir-se de informação antes de sair de casa.

- Pessoas com excesso de tecido adiposo (NEW!)
Gordos. Esse é um problema sério. E aqui não há espaço suficiente para falar sobre ele.

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
Ai, ai. Acho que vou para o inferno, viu!