10/07/2007

Trivialidades de uma manhã de terça-feira

Viver em sociedade é um exercício diário de tolerância. As normas básicas de boa convivência estão aí para nos dar parâmetros adequados de comportamento. Dar um discreto aceno ao vizinho pela manhã, agradecer o chapeiro pelo pão com manteiga com gosto de hambúrguer, perguntar – mas sem entrar em detalhes – se os filhos da funcionária do lar estão bem, chamar empregada de funcionária do lar. Pequenas atitudes que nos tornam seres humanos melhores. É disso que se trata.
Entretanto, tem coisa que não dá. Até onde sei, não estamos no Oriente Médio, não há por aqui qualquer Guerra Santa e gênios da lâmpada não existem. Uma senhora, contudo, parece desconhecer esses fatos.
Hoje pela manhã, qual não foi minha surpresa quando me deparei com esse ser de andar desengonçado, alvo de olhares dos demais passantes da rua. Uma mulher no auge de seus 60 e poucos anos, trajada com um fresco conjunto de viscose, rico em estampas florais. Nos pés inchados, um sapatinho baixo de tecido preto, modelo “moleca”, conhecido por sua lisa sola, que proporciona tombos e bacias quebradas a suas usuárias da terceira idade. Em uma das mãos, uma bolsinha à tira colo, carregada e protegida próxima aos fartos seios, como se entre a carteirinha do convênio médico e o lenço de pano bordado estivesse a combinação do cofre do Banco Central do Brasil.
Nada disso chamaria minha atenção não fosse pelo que vi em sua cabeça. Um turbante. Juro por Alá. Um turbante branco com uma “esmeralda” cravada ao centro da parte frontal. Só faltou a pluma. Por um instante, pensei em fazer três pedidos. Fiquei sem reação, procurei entender como ela pôde sair da privacidade seu lar com essa bizarra alegoria.
Não façam isso comigo, eu peço. Pior do que estar ridículo, é sentir-se ridículo por outrem.

4 comentários:

Anônimo disse...

Lili, passei por aqui! Adorei. Tem a sua cara! E eu gosto mto de vc (brega, mas eh verdade...rs).
Concordo sobre o Pan no Rio...
Se fosse em Sao Paulo eu ia, oras... foi mais fácil eu ir pra Taiwan ver o Kleber do que ir pro Rio... ai ai ai....
Bjo!
Oli

Unknown disse...

lili, nao fala assim da minha mae, ela gosta de andar assim, fazer oque?

Anônimo disse...

Oieee! tudo bem? Ah, deixa de ser brega, Oli..rs.. mas eu confesso que eu tb gosto muito de vc, Lili!! hehehe...
Já te falei que às vezes fico dando risada como uma retardada na frente do micro, lendo seus textos? rs
Beijos de lulu!

Unknown disse...

Excelente!
Será que essa é a mesma velhina meio careca que vi outro dia no metrô? Desejei no dia usar chapéu, minha boa ação do dia seria doá-lo.
Fico pensando se esse chapéu me deixaria mais envergonhado que a lustrosa careca.

Beijo.